Para Aristóteles, a parte racional da alma, na qual estão as virtudes dianoéticas, divide-se também em duas faculdade racionais: a científica ou contemplativa e a calculativa.
A primeira – a científica ou contemplativa – permite contemplar as coisas invariáveis, aquelas que não podem ser de outro modo, e nesta parte opera a virtude denominada sophia, ou sabedoria.
Na segunda parte – a calculativa – opera o contingente, aquilo que pode ser de outra maneira. Esta virtude é a phronesis, que pode ser traduzida como prudência, sabedoria prática ou discernimento.
A sophia é uma combinação do conhecimento científico com a inteligência, como o conhecimento que tem o médico ou o artesão, que já sabem exata e metodologicamente o que devem fazer em uma dada situação. Afinal, “todos nós supomos que aquilo que conhecemos cientificamente não é capaz de ser de outra forma.” (Aristóteles, citado por Polesi, 2006, p. 67).
A phronesis, por sua vez, é uma capacidade de deliberar sem métodos específicos, sem fórmulas específicas, mas corretamente, pelo bem viver do homem, em situações não previstas. É, porém, mais que uma simples capacidade racional, como explica o próprio Aristóteles (citado por Polesi, 2006, p. 67)
A sabedoria prática no entanto é mais que uma simples disposição racional, pois é possível deixar de usar uma faculdade racional mas não a sabedoria prática.
Por não produzir nada, a prudência não é arte; por não visar a objetos imutáveis ou eternos, não é mero saber teórico. Aristóteles considera prudente o homem que possui o senso communis, sabe o que tem de fazer em situações particulares e muda o plano de ação caso as situações se alterem.
A ética de Aristóteles, em sua própria opinião, não deveria ser apenas algo teórico (uma tendência dos gregos em geral). Deveria estimular atitudes para chegar a resultados, como o de tornar-se efetivamente bom. Como ensinava Aristóteles (1973, p. 68), “a presente investigação não visa conhecimento teórico como as outras (porque não estamos investigando apenas para saber o que é virtude, mas para nos tornarmos bons, pois do contrário esse estudo seria inútil)”.
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