Kolakowski, filósofo polonês, compara o filosofo a um bufão, bobo da corte, cujo ofício é fazer rir. O filosofar amansa as palavras: aquela cachorrada feroz que latia, ameaçava e não deixava dormir se transforma em cachorrada amiga de caudas abanantes. O filosofar ensina a surfar: de repente, a gente se vê deslizando sobre as ondas terríveis das dores de ideia. Também serve para pôr luz no escuro. Quando a luz se acende o medo se vai. Muita dor de ideia se deve à falta de luz. Os demônios fogem da luz. Wittgenstein diz que filosofia é contrafeitiço. É boa para nos livrar das dores de ideia, produtos de feitiçaria […] A filosofia nos torna desconfiados. Quem desconfia não fica enfeitiçado. Palavra de mineiro.
(ALVES, R. Palavras para desatar nós. Campinas: Papirus, 2013)
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